Manoel Jorge da Silva, de 73 anos, não fala com o filho há mais de um ano.
Manoel Jorge vive com aposentadoria de um salário mínimo e pelas lajes cobra R$ 27 o metro. “No fim das contas fico com 30% do valor”, explica ele, com aluguel atrasado há três meses: “Não tenho mais como pagar os R$ 800 mensais. A casa é do meu cunhado e ele me deixou ficar até as coisas melhorarem”.
“O máximo que Naldo fazia era levar a gente para jantar. Nunca entrei na casa dele, que tem onze banheiros. Tive uma hemorragia digestiva há alguns meses e precisei operar. Dormi três dias no corredor de um hospital público esperando vaga”.
De acordo com Manoel Jorge, a casa em que a família morou a vida inteira, na comunidade, passou por uma reforma e o teto desabou. “Era uma chuva danada, não tinha como ficar lá dentro e não tive dinheiro para consertar”, diz ele, que vendeu o imóvel por R$ 150 mil: “Comprei uma casa para uma filha, um terreno e um carro, que tive que devolver”.
Hoje ele acorda às 5h e vai de ônibus até o terreno onde faz as lajes: “Às vezes, nem como direito. Naldo foi contra eu arrumar alguém. Mas quem ia cuidar de mim, da minha roupa, da minha comida? Minha mulher é aposentada, vivo mais às custas dela do que ela de mim. Honrei meu casamento com a mãe dele durante 47 anos e 5 meses”.
Fonte: Agência o Globo