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Sem oportunidade, jogador abandona futebol e ganha vida como motoboy


Com salário de R$1.500 por mês, ex-volante sergipano se diz satisfeito com nova realidade: "Dá para se manter!". Ele reclama ainda que clubes não pagam em dia
Denisson deixou futebol e virou motoboy
(Foto: Reprodução / TV Sergipe)
Bem distante do futebol dos milhões e milhões de euros, dos clubes gigantes e das grandes estrelas está a dura realidade de jogadores que lutam por uma oportunidade de viver todo esse sonho. Mas as chances de construir independência financeira através da bola aparecem para uma parcela bem pequena. No caso do sergipano Denisson, de 26 anos, a situação foi ainda pior. Ele foi obrigado a abandonar a profissão que havia escolhido para buscar um novo rumo para garantir a sobrevivência dele e da família.

Há dois meses, tomou a decisão mais difícil da vida dele. Abandonou a carreira e foi procurar um outro emprego. No lugar dos pés, que um dia foram decisivos, agora ele usa um capacete e uma moto. Como motoboy, recebe um salário de R$1.500, parecido com o que recebia como jogador de futebol. A diferença é que o pagamento agora é sem atrasos.


- O ruim é a adrenalina. O perigo no trânsito. Mas é legal. Dá para a gente se manter, chegar em casa com o pão de cada dia, receber o abraço do filho, da esposa, da família. Isso é legal, isso é bom - disse Denisson.


A última partida oficial de Denisson foi há oito meses, pelo Campeonato Sergipano da primeira divisão, defendendo o Lagarto. Mal na competição, o clube não conseguiu um calendário para o segundo semestre e encerrou as atividades ainda nos primeiros meses do ano. Desde então, começou a batalha do volante por uma nova oportunidade. Ele até recebeu algumas propostas recentemente para jogar a modesta Série A-2 do Campeonato Sergipano, que começa na semana que vem, mas achou ser mais estável financeiramente continuar como motoboy.


- Não me arrependo não de ter recusado voltar ao futebol. A gente trabalha e não recebe. Futebol é a coisa que mais gostamos de fazer. Está no sangue, é um sonho desde garoto, mas nós temos família, temos nossas contas para pagar e infelizmente os clubes sergipanos, alguns deles, não arcam com as obrigações deles. A gente trabalha o mês todo e no fim não recebe nosso ordenado. Isso complica - explicou Denisson.


A vida como motoboy é árdua. Ele trabalha em dois períodos, de segunda a sábado, sobre duas rodas. A adaptação também foi complicada.

Denisson já foi uma das grandes promessas do Sergipe (Foto: Divulgação/CSS)


- Logo no primeiro dia tive uma desatenção. Acho que o culpado fui eu mesmo. Tomei um susto, o motorista de um carro brecou na minha frente. Eu fui e arranquei o retrovisor dele. Aí tive que pagar R$70 no primeiro dia. (risos)


Uma das grandes promessas da base do Sergipe, ele ficou no clube durante sete anos. Mas ao se profissionalizar, não conseguiu muitas oportunidades no clube. Partiu para outras equipes menores. No Socorrense, foi vice-campeão sergipano em 2014 e marcou três gols na competição.


- A saudade bate todos os dias. A gente vê jogos na televisão, fica se imaginando lá dentro do campo, jogando. As resenhas com os amigos nos treinos, na concentração, também fazem falta. Era tudo muito bom.


Largar o futebol tão cedo foi uma medida de emergência. Denisson nem sabe se é uma decisão definitiva, se um dia vai voltar a jogar profissionalmente. Por enquanto, prefere não pensar nisso.

- Se vou voltar? Tudo depende do que vai acontecer nos próximos meses. Gostaria muito de voltar a jogar sim. Mas tem que ser uma boa oportunidade para mim e para a minha família. Um lugar em que eu possa trabalhar, ter garantias de que vou receber por isso e não correr o risco de, no fim do mês, eu não ter dinheiro para manter a minha família. Mas por enquanto o que está me trazendo alegrias, me rendendo frutos para casa é isso aqui. Eu peço a Deus forças para continuar trabalhando e se surgir uma oportunidade no futebol estou de braços abertos para conversar.