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PINDOBAÇU EM BUSCA DA RIQUEZA

A Serra da Carnaíba está localizada no município de Pindobaçu. Lá a atividade do garimpo de esmeraldas é a principal fonte de renda e alimenta o sonho de milhares pessoas que diariamente buscam a sorte no garimpo. Não é difícil encontrar história de pessoas que ficaram ricas da noite para o dia e que perderam tudo pouco tempo depois.

Para se chegar até a Serra, passa-se pela barragem de Pindobaçu, no Rio Itapicuru, que abastece cinco municípios em sua volta. Na subida para a Serra e em volta das minas, surgiu o povoado de Carnaíba. A atividade nas jazidas teve inicio em1964 a 1.200 metros acima do nível do mar.

Em 1970, segundo o geólogo Osmar Santos, a produção de esmeraldas era de um milhão de dólares por dia. Hoje em dia, as cifras são de pouco mais de 2,6 milhões de dólares por mês. “Eu afirmo com toda segurança que não temos explorados nem 10% do potencial da jazida”, explica o professor.

O local sempre é visitado por estrangeiros, principalmente indianos. As negociações são feitas sempre por acordos verbais, como uma feira livre, um leilão que tem como objetivo o melhor negócio. Todos os dias, na praça central de Campo Formoso, a venda de esmeraldas acontecem até o meio dia.

A extração de esmeraldas em Carnaíba se dá de maneira artesanal. Durante 24 horas por dia, centenas de homens descem poços de pouco mais de um metro de diâmetro, a uma profundidade que pode chegar a200 metros, para encontrar a pedra preciosa. Lá embaixo, eles trabalham para os donos da minas, em geral garimpeiros que, com algum dinheiro, conseguem uma outorga, compram os equipamentos e passam a ter sua própria mina, empregando outros garimpeiros. Muitos trabalham de forma cooperativada, dividindo os lucros.

Uberval Paixão, garimpeiro com 45 anos de atividade, explica que “o garimpo é feito sem nenhum produto químico”. Nenhuma empresa está autorizada a explorar as jazidas, é o chamado “garimpo livre”. Além dos homens que descem nas profundezas, centenas de pessoas se acumulam no entorno, quebrando pedras, na esperança de encontrar alguma esmeralda. “A exploração de esmeraldas gera divisas não somente para a região, mas para o país todo”, completa Paixão.

No Território Norte de Itapicuru, o garimpo de Socotó, em Campo Formoso, também desenvolve a atividade de mineração das esmeraldas.

Licuri: coquinho nordestino que movimenta a economia

A cidade de Caldeirão Grande possui aproximadamente 14 mil habitantes. Nesse e em outros municípios do Território Norte de Itapicuru, o uso do licuri é intenso na culinária.

O uso do licuri revolucionou a cozinha de dona Vidinalda Bezerra, a “Dona Vidi”. Desde menina ela aprendeu a usar o licuri em várias receitas que leam carnes de carneiro, de pato e de galinha–D´angola. Hoje, Vidi tem seu próprio restaurante e utiliza o ingrediente em moquecas, arroz, maxixes. Do licuri também se produz o óleo muito utilizado na culinária desse território.

“O fruto possui entre outros minerais o selênio, que está associado ao combate à depressão”, explica a doutora em química, Djane Santiago que pesquisa o licuri e passou a defender o seu uso na merenda escolar. “Meu trabalho começou depois que li uma matéria de jornal dizendo que a pipoca seria incluída na merenda escolar. Eu fiquei revoltada. A pipoca não tem valor nutricional nenhum para ser utilizado na merenda escolar”, conta Djane.

Junto com a comunidade de Caldeirão Grande, Djane tem criado alternativas para tornar o licuri uma fonte de renda para as comunidades do município. Conseguiu produzir uma barra de cereal que tem como base a amêndoa do licuri e patenteou a receita. Uma máquina foi desenvolvida para quebrar o fruto, que antes era feito manualmente. A ideia é desenvolver outros produtos e com isso aumentar a renda da população local envolvida no projeto.

Escola agrotécnica: polo de ensino profissionalizante

Em Senhor do Bonfim está localizada a escola agrotécnica, um núcleo de ensino que fornece capacitação em níveis médio e superior. A escola faz parte do IFBahiano – instituição que congrega os centros de educação agrotécnica do estado.

Em 1999, quando iniciou as atividades, 80 alunos estavam matriculados. Hoje são aproximadamente 700. Existe um processo seletivo e a concorrência atual é de quatro candidatos por vaga. Seus dois cursos profissionalizantes são integrados ao ensino médio: Técnico em Agropecuária e Técnico em Zootecnia. Os outros dois são de nível superior: Ciências da Computação e Ciências Agrárias. Ela ainda conta com um programa de Pós Graduaçãoem Recursos Hídricos.

De acordo com o diretor da escola, Aécio José, o diferencial da instituição é que ela é voltada para a prática. “Nós preparamos o aluno para o mercado de trabalho”, explica o diretor.

A Escola Agrotécnica de Senhor do Bonfim possui quatro núcleos: Horticultura, Unidades Educativas de Produção, Unidades de Cultivo Zootécnico e Unidades de Cultivo Agrícola. A instituição é referência no território, já que a agropecuário é uma das atividades econômicas mais importantes do Norte do Itapicuru.

Em2001 a escola realizou a primeira transferência de embrião já formado de caprinos da raça Böer, originário da África do Sul e que se adaptou bem ao semiárido baiano. A instituição ainda interage com a comunidade fornecendo cursos e consultorias.

Para o economista e professor do IFBahiano, João Alves, a grande preocupação dos educadores da escola agrotécnica é a mudança de foco, fazendo com que o aluno perca o contato com a prática de sua profissão. “Esse centro de ensino é um laboratório para os alunos. E sua manutenção deve ser sempre preservada”.